segunda-feira, 1 de julho de 2013
SANDY - EM PAZ COM A FAMA
O prédio onde aconteceria esta entrevista com Sandy, em São Paulo, precisou ser interditado por cerca de uma hora. Bombeiros da brigada de incêndio do edifício faziam um treinamento que simulava uma situação de emergência com funcionários. O encontro da cantora — que está lançando ‘Sim’, seu segundo CD solo — com a ‘JÁ É! Domingo’ foi transferido para um hotel próximo, sem extintores e sirenes. Melhor assim.
Aos 30 anos de vida e 23 de carreira, Sandy está mais do que acostumada com os holofotes e sabia que os paparazzi de plantão não perderiam a oportunidade de flagrá-la descabelada, descendo as centenas de degraus do prédio.
“Tenho a impressão de que sempre buscam um deslize, um furo meu. Mas acho que as pessoas se acalmaram um pouquinho depois que eu casei. Antes, todos queriam saber da minha vida, vixe Maria, coitada de mim”, conta Sandy, que garante não se preocupar mais com o julgamento alheio.
“Decidi, muitos anos atrás, quando eu ainda era adolescente, que nunca ia deixar de fazer nada para corresponder a qualquer rótulo, qualquer expectativa. Faz tempo que lido com a imprensa, com o assédio e com a invasão de privacidade. Fui encontrando uma maneira para que isso não fizesse mal a mim, me afetasse o mínimo possível”, explica.
O fato de morar em Campinas, interior de São Paulo, ajuda Sandy a ter uma vida distante dos curiosos. “Lá não tem tantos paparazzi. Estou mais longe desse assédio, acabo levando uma vida normal. Não moro no Leblon. Quando estou no Rio, não passo ilesa nunca. Todo mundo me pega saindo com os amigos. Mas, às vezes, a gente escolhe uns lugarzinhos estratégicos para ficar incógnita”.
Os rótulos que lhe foram atribuídos, de menina de família, doce, virgem e ingênua, ficaram para trás. “Já me irritou. Tinha essa coisa da princesinha e tal, mas acho que hoje já começaram a perceber que amadureci. Poxa, estou com 30 anos, então está na hora mesmo. Já passou da hora”, constata, soltando sua tímida risada, logo abafada ao ser questionada sobre os rumores de uma possível gravidez.
“Na verdade, eu e meu marido (o músico Lucas Lima) decidimos, há mais de um ano, que não comentaríamos mais boatos de gravidez. Agora sai na mídia e eu não falo nada. Nem que sim, nem que não. Eu desisti, entende? Não quero mais ficar dando pano para manga”, justifica. Ela confessa, no entanto, que seus 30 anos estão começando a pesar na decisão de ser mãe.
“A idade é algo que conta, sim, ainda mais porque eu já vou fazer cinco anos de casada. É algo natural. Pensamos em ter filhos, mas estamos indo no nosso tempo. Tenho algumas coisas para fazer antes de engravidar, cuidar da minha carreira é uma delas”, diz.
Trabalhar com o marido, que é responsável pela produção musical do disco e coautor de oito faixas, não é um problema. Ao contrário. “Ele continua sendo meu parceiro. Foi algo que tive que aprender por sempre ter trabalhado em família, né? No casamento, a gente teve que colocar limites para não ficar falando de trabalho o tempo todo”, justifica.
Seis anos após se separar do irmão, Junior (“só fisicamente, pois espiritualmente estamos cada vez mais juntos”), Sandy fala que se encontrou musicalmente. Em ‘Sim’, apresenta dez composições pop românticas bem confessionais, entre as quais ‘Aquela dos 30’ e ‘Saudade’.
“Hoje estou mais tranquila porque acho que encontrei meu lugar. Sinto isso. Estou num momento seguro, mais maduro da carreira. Sei quem eu sou como artista, qual é o meu som”, avalia. A pressão com o segundo CD solo é bem menor que a que sofreu ao lançar ‘Manuscrito’, em 2010. “O primeiro tinha o frio na barriga, a expectativa do novo após o fim da dupla: ‘Será que vai dar certo?’ ou ‘Será que vai ter lugar pra mim na música?’. Isso era angustiante”.
Com Junior, Sandy vendeu mais de 17 milhões de discos ao longo de duas décadas e, agora, se viu obrigada a se adaptar ao cenário atual. “Ninguém mais quer pagar por música, só querem música de graça. Então, todo mundo pode ganhar pelo seu trabalho, mas o músico não? Parece injusto, no começo dá uma chateação, mas depois temos que ir mudando a maneira de encarar as coisas”, lamenta ela, que também precisou reaprender a faturar com seu trabalho. “Hoje a maneira de eu ganhar dinheiro mudou. São os shows e uma campanha publicitária ou outra que aparece. Musicalmente, só os shows. O que se ganha com direitos autorais é muito pouco, não é o suficiente para sustentar um artista”, reclama.
‘Cada vez que atuo, preenche um vazio’
Sandy sempre conciliou a música com os seriados, novelas e filmes dos quais participou. Na Globo, fez várias participações especiais, teve seu próprio programa — ao lado de Junior — e protagonizou ‘Estrela Guia’, em que interpretou a mocinha Cristal.
“Era muito cansativo, não sei como dei conta. Eu cantava, estudava, gravava o programa e a novela. Eu estava feliz, mas hoje eu não queria mais viver daquela maneira”, diz ela, que filmou o longa de suspense ‘Quando Eu Era Vivo’, ao lado de Antonio Fagundes, que estreia até o final do ano.
“Foi maravilhoso. Cada vez que faço algo como atriz, preenche um lugarzinho que fica vazio. Mas novela realmente é mais difícil, exige muito. Se pintarem outros convites pontuais, como ‘As Brasileiras’ (2012), com certeza vou fazer”.
CRÉDITOS: JORNAL O DIA
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