quinta-feira, 25 de abril de 2013

Sandy se recusa a envelhecer em cena no extrovertido e pop show 'Sim'



Resenha de show
Título:  Sim
Artista: Sandy (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Vivo Rio (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 21 de abril de 2013
Cotação: * * * 
Agenda da turnê nacional do show Sim:
27 de abril de 2013 - Teatro Rio Vermelho - Goiânia (GO)
17 de maio de 2013 - HSBC Brasil - São Paulo (SP)
8 de junho de 2013 - Center Convention - Uberlândia (MG)

Aos 30 anos, Sandy ainda parece ser jovem demais para cantar música velha - até porque sua voz angelical se recusa a expor as marcas do tempo. Por outro lado, a cantora paulista já parece ser velha para cantar a música jovem que lhe deu fama e fortuna ao longo de carreira iniciada há 22 anos. Mas Sandy - Aquela dos 30, como se autodefine no tema pop que abre seu novo show, Sim - segue em frente, enfrentando esse dilema com um pé no passado e outro no presente. Sim é show mais pop e extrovertido do que seu antecessor, o gracioso Manuscrito(2010), espetáculo pautado num tempo de maior delicadeza. Com Sim, Sandy se expande em cena sem sair do lugar já conquistado, de sua zona de conforto autoral. Afinal, a artista sabe que tem a seus pés um público devotado, capaz de fazer coro fervoroso em todos os versos de Sem jeito (Sandy Leah e Lucas Lima, 2010), uma das músicas do primeiro álbum solo da artista, Manuscrito (2010), rebobinadas no roteiro. Setlist que enfileira duas músicas inéditas -Ponto final (em total sintonia com o tom pop e extrovertido do show) e a confessional Sim, composições incluídas no repertório do vindouro álbum Sim, cujo lançamento está programado para o fim de maio de 2013 pela Universal Music - e seis covers dos repertórios de artistas admirados por Sandy. O melhor deles é o primeiro cover do show, Se Deus me ouvisse (Almir Rogério, 2006), pungente canção do repertório da dupla Chitãozinho & Xororó que Sandy canta com emoção genuína, provavelmente retirada da memória afetiva. A partir do décimo dos 20 números do roteiro, Sim vira praticamente um show de covers - como comentou uma fã mais atenta, presente na plateia da casa Vivo Rio, palco da estreia carioca do show na noite de 21 de abril de 2013. Só que alguns covers já foram feitos pela cantora em shows anteriores - caso de Casa (Lulu Santos, 1986), herdado do show Manuscrito (2010) - o que deixa entrever certa indisposição para se renovar. Lembrança do show Sandy interpreta Michael Jackson(2011), Bad (Michael Jackson, 1987) se refaz reconhecer já na introdução do número pela pulsação do baixo de Alex Heinrich. Balada em que Nando Reis declara publicamente seu amor por Cássia Eller (1962 - 2001), All star (Nando Reis, 2000) é conduzida pelos violões de Edu Tedeschi e Maurício Caruso - assim como Pés cansados (Sandy Leah e Junior Lima, 2010), destaque do repertório do CD Manuscrito. No samba Águas de março (Tom Jobim, 1972), número em que a tecladista Eloá Gonçalves evoca no piano o arranjo da gravação original, Sandy ensaia passos de dança pelo palco, em sintonia com o tom mais expansivo do show. O piano de Eloá Gonçalves, aliás, é o acompanhante solitário de Sady  na interpretação da baladaAngel (1997), tema da cantora e compositora canadense Sarah McLachlan que Sandy dedicou ao irmão Junior Lima no último show da dupla Sandy & Junior, feito em dezembro de 2007. A propósito, a inclusão de dois sucessos da dupla no roteiro de SimNão dá pra não pensar (Sandy Leah e Junior Lima, 2001) e A lenda (Kiko, Nando e Ricardo Feghali, 2000), provoca momentos catárticos, mostrando que - tal como a cantora que idolatra - o público de Sandy também se recusa a envelhecer em cena. No bis, a histeria na frente do palco da casa Vivo Rio foi tamanha que mal deu para ouvir os reais progressos da cantora ao interpretar a classuda baladaSaudade (Denis Nassar, 2012), faixa-bônus do EP Princípios, meios e fins (2012). Talvez fosse o caso de transferir a canção para o meio do show para que sua beleza não se dissipe entre os flashes e gritos afoitos dos fãs. Sandy talvez já esteja velha para tanto ímpeto juvenil. Ou jovem para receber as atenções de plateia mais velha e exigente. Eis a questão que Sim põe em cena. Tomara que Sandy equacione a questão, dizendo efetivamente sim para o mundo, pro inexplicável, como afirma em verso da música-título de seu segundo álbum solo.




CRÉDITOS: BLOG NOTAS MUSICAIS

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