quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Sandy virou 'artista madura e mulher encantadora', diz Andrea Bocelli


Ela participa de show do italiano em São Paulo na quinta-feira (13).
Cantor lembra Tom Jobim e elogia 'Ai se eu te pego': 'Cativante e sensual'.



O tenor italiano Andrea Bocelli (Foto: Divulgação/MySpace do Artista)

O italiano Andrea Bocelli, 54 anos, chega ao Brasil para show único em São Paulo, na quinta-feira (13) com laços brasileiros reforçados. Sandy, que cantou com ele um de seus maiores sucessos no país, "Vivo por ella", ainda em 1998, é uma das convidadas do show. "Quando fizemos juntos 'Vivo por ella' notei uma menina cantando. Alguns anos depois, quando voltamos a trabalhar, encontrei uma artista madura e uma mulher ao mesmo tempo elegante e encantadora", diz Bocelli em entrevista ao G1.
O novo disco "Passione", a ser lançado em 29 de janeiro, tem sua primeira gravação em português, "Garota de Ipanema". A paixão por bossa nova é antiga. "[A música brasileira] chegou às minhas fibras, faz parte da minha formação cultural, porque eu a amei, estudei, celebrei e vivi intensamente", diz Bocelli. Na entrevista abaixo, o cantor, que comemora 20 anos de carreira em 2012, também fala sobre "Ai se eu te pego", de Michel Teló, sucesso na Itália: "Achei cativante, divertida e sensual."
Você está completando 20 anos de carreira profissional em 2012. E daqui a 20 anos? Como acha que vai estar em 2032?
Andrea Bocelli - A voz é um dom que recebi e pelo qual não tenho mérito. Tentei honrar esse talento com muito estudo e dedicação. Tenho tido muita sorte, porque a música me deu muita visibilidade e riqueza. Penso na possibilidade de acordar um dia e não achar a voz que tentei construir e manter ao longo dos anos. Vou continuar a cantar até que o bom Senhor me permita, mas na crença de que a vida oferece um número infinito de outras coisas boas para fazer.
Fisiologicamente, a longevidade de um barítono é grande, embora seja muito difícil manter um padrão vocal sem falhas. Após as primeiras décadas da carreira, não perdi a força e o entusiasmo, assim como a conexão com o público, o que me comove a cada show.
Já passei dos 50 anos e me tornei pai novamente há alguns meses, por isso ainda há tempo para navegar! Em 2032 minha filha Virginia vai ter vinte anos... Seria bom, se Deus quiser, poder dar os parabéns a ela cantando.
Sandy e Andrea Bocceli no clipe de "Vivo por ella", de 1998 (Foto: Reprodução / YouTube)Sandy e Andrea Bocceli no clipe de "Vivo por ella", de 1998 (Foto: Reprodução / YouTube)
G1 - Em 2011, você cantou no Brasil com Sandy. Você tem planos para cantar com ela novamente em São Paulo? O que pode adiantar sobre o show?
Andrea Bocelli - Confirmo a presença dela. No palco, será uma alegria ter Sandy. Ao meu lado, vou ter também a [cantora cubana] Maria Aleida o belo e valente quarteto vocal [italiano] Div4s. Na primeira parte, canto peças mais líricas (incluindo trechos de “Romeu e Julieta” de Gounod, que gravei recentemente). Seguido por uma série de canções napolitanas muito populares que se tornaram clássicos e as peças mais pop do repertório.
G1 - Você conheceu Sandy como uma criança, quando gravaram “Vivo por ella”, em 1998. Como você acha que ela mudou?
Andrea Bocceli - É um exemplo brilhante de uma promessa cumprida! De criança prodígio a artista adulta madura, Sandy foi capaz de capitalizar seus talentos, apesar da responsabilidade, e vencer o risco potencial de uma reputação obtida em idade precoce. Quando fizemos juntos "Vivo por ella" notei uma menina cantando. Alguns anos depois, quando voltamos a trabalhar, encontrei uma artista madura e uma mulher ao mesmo tempo elegante e encantadora.
Sandy e Andrea Bocceli em registro de fã em Belo Horizonte, onde eles cantaram juntos em 2011 (Foto: Reprodução / YouTube)Sandy e Andrea Bocceli em registro de fã em Belo Horizonte, onde cantaram juntos em 2011 (Foto: Reprodução / YouTube)
G1 - Sandy tem 29 anos, e lançou uma música sobre a idade ["Aquela dos 30"]. O que você se lembra dos 30 anos? Que conselho dá a Sandy sobre essa fase da vida?
Andrea Bocelli - Eu não acho que uma artista tão talentosa e competente precisa de conselho. A vida segue o seu próprio caminho, os erros são inevitáveis (eu mesmo cometi muitos). O que pode ajudar, em geral, mais que conselhos, é o amor e o exemplo dos que nos rodeiam.
Aos 30 eu tinha meu futuro profissional pela frente, muito diferente de hoje. Embora meu público expressasse uma aprovação unânime, as tentativas até então no mundo do entretenimento não tinham produzido resultados. Depois de me formar na faculdade de direito, trabalhar na área era a saída natural. Meu irmão se casou naquele ano, e eu - ainda não casado - continuei minhas buscas na atividade musical, com decepções.
Do ponto de vista vocal, aos 30 anos, o jovem tem experiência parcial... A voz, como a caligrafia, diz quem você é, descreve sua bagagem: ao longo dos anos, cada leitura e cada meditação contribuiu para a formação de um intérprete.Talvez quando eu tinha trinta anos a minha abordagem para cantar era mais leve, ou menos densa. Hoje, para o melhor ou para o pior, quando eu chego ao palco, eu tenho um peso diferente, uma "vida" que reverbera fatalmente cantando.
G1 - "Ai se eu te pego", de Michel Telo, fez muito sucesso na Itália. Você já ouviu?
Andrea Bocelli - 
Além de uma menina de poucos meses, eu tenho dois filhos adolescentes. E isso aconteceu mais de uma vez em que eu os acompanhei a alguma festa ou boate: a música toca bastante ao longo da costa de Versilia, na Toscana, onde eu vivo há muitos anos. Achei cativante, divertida e sensual.
G1 - Quando você começou a cantar em bares na Toscana, te pediam músicas brasileiras?
Andrea Bocelli - 
Na época em que eu estudava, tinha a mesma paixão por tocar Bach ao piano, cantar árias de ópera, ou cantar as maravilhosas canções de Tom Jobim. Quando eu cantava em bares na Toscana seis dias por semana, nunca houve uma noite em que não me pedissem "Garota de Ipanema" ou "Corcovado". Não sei hoje, o nível exato de influência brasielira no meu trabalho, mas posso dizer que chegou às minhas fibras, que faz parte da minha formação cultural, porque eu a amei, estudei, celebrei e vivi intensamente. Os ritmos de seu país estão na trilha sonora da minha vida.
Andrea Bocelli em São Paulo
Quando: Quinta-feira (13), às 21h
Onde: Jockey Clube - Avenida Lineu de Paula Machado, 1263
Quanto: De R$ 170 a R$ 2 mil
Ingressos: livepass.com.br

CRÉDITOS: G1


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